Os impactos do aquecimento global trouxeram à tona a necessidade da renovação da matriz energética. Em termos de tendências, neste quesito, está em curso a transição energética em vários países, o que traz novas oportunidades às empresas que atuam no setor de energia. Estão surgindo novos negócios rentáveis decorrentes do estímulo a produtos e serviços com baixa emissão de carbono, que são inclusive alavancados por políticas públicas.  

Na visão de Rodrigo Araujo Alves, diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores na Petrobras, as tendências já consolidadas do mercado e as incertezas críticas ainda em estudo, combinadas, dão forma e expectativa às trajetórias de transição. “Procuramos, na empresa por exemplo, transparência e escuta ativa para garantir que os riscos e oportunidades em carbono sejam adequadamente quantificados e considerados em nossas escolhas e a transparência é essencial para que nossos públicos possam compreender as motivações dessas decisões”, explica. 

Segundo dados da Petrobras, os cenários indicam que haverá demanda mundial persistente por petróleo nas próximas décadas, ainda que decrescente. Por ser detentora de reservas relevantes, sua prioridade é continuar a fornecer petróleo e gás de forma competitiva e ambientalmente responsável. Nesse contexto, o desempenho operacional em emissões de gases de efeito estufa é um dos requisitos estratégicos para resiliência da empresa no longo prazo, contribuindo para o atendimento dos objetivos do Acordo de Paris e para a credibilidade e opções de mercado aos seus produtos. 

A empresa acredita que, durante o avanço da transição energética, é papel da indústria de O&G produzir petróleo, gás e seus derivados com a menor emissão possível, minimizando o custo da transição energética para a sociedade. “Nossa estratégia de sustentabilidade baseia-se no firme compromisso de acelerar a descarbonização das operações e de atuar sempre de forma ética e transparente, com segurança nas atividades e respeito às pessoas e ao meio ambiente. Acreditamos que esse é o caminho”, diz Alves. 

Desde 2021, a empresa assumiu a ambição de zerar suas emissões líquidas operacionais de gases de efeito estufa em prazo compatível com o compromisso do Acordo de Paris. Essa ambição soma-se à sua cesta de 10 compromissos de sustentabilidade com horizonte 2025 e 2030, onde seis compromissos são relacionados à mitigação de gases de efeito estufa. 

A empresa acredita que a ação coordenada e pragmática dos atores é fundamental, pois a escala e a complexidade da transição energética demandarão investimentos significativos e prazos desafiadores. “Entendemos que promover de forma concomitante o desenvolvimento econômico, social e ambiental não é uma tarefa simples, mas é plenamente possível com a atuação colaborativa entre empresas, instituições públicas, sociedade civil e setores governamentais”, alerta Alves.  

Entre as ações da empresa para contribuir com esse caminho para a sustentabilidade, está o investimento em: (i) recursos e tecnologias na produção de petróleo de baixo carbono no Brasil, gerando energia, divisas e riquezas relevantes para o financiamento de uma transição energética responsável; (ii) capacidade de ofertar gás e energia despachável para viabilizar a elevada participação de renováveis na matriz elétrica brasileira; (iii) prospecção de novos produtos e negócios de menor intensidade de carbono; (iv) pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e soluções de baixo carbono; e (v) projetos socioambientais para a recuperação e conservação de florestas. 

Vale destacar que, em 2021, a Petrobras voltou a integrar o Índice de Sustentabilidade Dow Jones (DJSI World). O seu Plano Estratégico 2022-2026 contempla elementos importantes que reforçam sua agenda de sustentabilidade e posicionamento em baixo carbono, alocando investimentos (CAPEX) de US$ 2,8 bilhões para redução e mitigação de emissões. Além disso, está avançando na análise de possíveis novos negócios que possam reduzir a exposição e a dependência das fontes fósseis e que, ao mesmo tempo, sejam rentáveis, garantindo a sustentabilidade da companhia no longo prazo (estratégia de diversificação rentável).  

A empresa tem focado ainda em assegurar que o planejamento estratégico reflita as melhores escolhas para a temática ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) em seu negócio. De acordo com Alves, o compromisso é produzir energia acessível para a sociedade, com uma operação lucrativa, segura, de baixo custo e com menor emissão de carbono. A ideia é tornar a Petrobras em uma empresa mais forte, resiliente e preparada para atuar de forma sustentável e competitiva no presente e no futuro. Dessa forma, ele cita as principais ações realizadas e em andamento em 2022: 

– Meio Ambiente: são exemplos: (i) emissão do Caderno de Mudança do Clima, onde aumentaram a transparência e estruturam o documento em correlação direta às recomendações do TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures), sendo parte do diálogo seus públicos; (ii) ganhos em eficiência operacional em emissões refletida nos indicadores de intensidade de emissão de GEE (gases de efeito estufa) do E&P (produzimos Petróleo no pré-sal – Tupi e Búzios – entre os mais descarbonizados do mundo, 40% abaixo da média mundial), redução das emissões de metano e da intensidade de emissão de GEE do Refino,  superando as metas estabelecidas pela companhia no primeiro semestre de 2022, consistente com sua ambição de neutralidade de emissões operacionais no longo prazo e em linha com o Acordo de Paris; (iii) primeiro contrato de financiamento associado às métricas de sustentabilidade no valor de US$ 1,25 bilhão e vencimento em 2027; e (iv) seleção de projetos atrelados à Iniciativa Floresta Viva com o objetivo de restaurar 33 mil ha e capturar 9 MMt de carbono em parceria entre a Petrobras e o BNDES, com investimento conjunto de R$ 100 milhões (50% cada) no prazo de cinco anos; 

– Social: projetos sociais voltados para o desenvolvimento humano e social das comunidades onde atuam, com um foco especial no período da primeira infância, como o convênio com o projeto voltado ao universo literário “Navegando na Poesia”, que visa promover o acesso à leitura e à escrita para mais de quatro mil crianças do ensino fundamental de escolas públicas na região da Bacia de Campos. Vale mencionar, também, o recolhimento pela Petrobras aos cofres públicos de R$ 147,2 bilhões em tributos no primeiro semestre de 2022, um aumento de 92% na comparação com o mesmo período do ano passado, o que contribui para que os governos possam implementar suas ações e projetos na área social.  

– Governança: aprimoramento constante das práticas e instrumentos de governança, como, por exemplo, a resiliência econômico-financeira, incorporando questões relacionadas à gestão de portfólio, reposição de reservas, efetividade da curva de produção, preço do petróleo e seus derivados, dentre outros. As boas práticas de governança corporativa e compliance constituem um pilar de sustentação para os seus negócios. Nos aspectos de compliance, procuram evoluir continuamente nos seus controles, numa equação equilibrada e sustentável com os riscos mapeados para os seus negócios. E conjugada com uma estratégia de automação e digitalização de processos. O alcance de marca expressiva de controles internos automatizados, no primeiro semestre de 2022, consolida essa estratégia. 

Rodrigo Araujo Alves, diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores na Petrobras