No mercado atual, visando tornar os negócios sustentáveis, Ricardo Tresso, gerente executivo de controladoria na Auren, entende que conhecer os temas materiais é essencial para a empresa, priorizando-os conforme a percepção dos stakeholders. Bem como verificar os resultados obtidos após a elaboração de uma matriz e endereçar as oportunidades e desafios conforme os pilares do E, S e G são fundamentais. Cumprir com os compromissos públicos e metas assumidos frente aos desafios e oportunidades relacionados aos temas materiais também, assim como utilizar índices e frameworks que vão ao encontro do core business da Auren.
Três tendências, na percepção de Tresso, devem direcionar a agenda ESG ao longo de 2022 e o primeiro semestre de 2023: crédito de carbono (o mercado é um importante mecanismo no combate às mudanças climáticas. Com o potencial do Brasil na vanguarda desse mercado, a atenção dos investidores e das empresas, principalmente as geradoras dos créditos, é de extrema importância); transição energética para matriz limpa e renovável (o mundo precisa cada vez mais de energia para todos os processos e busca menos emissões de gases de efeito estufa) e a regulação setorial (a desempenhar um papel cada vez mais importante na condução das empresas às melhores práticas ESG).
Do ponto de vista de responsabilidade social, ele cita que a principal tendência é que as empresas trabalhem temas e projetos que estejam cada vez mais conectados com seu core business e com a agenda de desenvolvimento global, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. No Brasil, três temas devem ser muito relevantes nos próximos anos, especialmente no pós pandemia, são eles: educação básica, geração de trabalho e renda e combate à fome e pobreza extrema.
Quando fala sobre diversidade, Tresso vê a interseccionalidade de responsáveis e de iniciativas como uma tendência ascendente. Por isso é importante transformar o tema em uma responsabilidade coletiva – ou seja, de cada líder, área e profissional. Do mesmo modo, não deve haver apenas momentos para falar sobre inclusão – todas as iniciativas da companhia devem contemplar o tema, seja numa fala ou em uma ação de impacto real. Na Auren suas ações de treinamento e desenvolvimento e do programa de voluntariado são exemplos de iniciativas que, embora tenham um objetivo final diferente do tema, sempre contemplam informações que conscientizam e mostram o valor da equidade de oportunidades.
Em governança, além do cumprimento de compromissos previamente estabelecidos, metas e prazos, Tresso aponta que um tema que é e será tendência para companhias abertas no Brasil, nos próximos meses, é o novo formato do Formulário de Referência e a obrigação da divulgação de mais informações referentes à temática ESG ao público, ainda que no modelo “pratique ou explique”, que entrará em vigor já em 2023. “Assim como no Informe CBGC (Código Brasileiro de Governança Corporativa), documento compulsório para as empresas listadas no país, vemos que cada vez mais o público e os investidores utilizam as informações sobre governança corporativa, neste formato dinâmico, para agregar valor à análise e decisões de investimentos”, explica.
A Auren, de acordo com a recente organização societária (Votorantim Energia – VE e CESP), está estruturando sua estratégia ESG, prevista para ser finalizada ainda este ano. Mas mantém todos os compromissos relacionados ao tema assumidos anteriormente pela CESP e VE: ser signatário do Pacto Global da ONU; responder aos questionários do CDP (Carbon Disclousure Project) para mudanças climáticas e recursos hídricos; realizar os inventários de GEE (gases de efeito estufa) com verificação de terceira parte e publicação no Programa Brasileiro do GHG Protocol (ferramenta utilizada para entender, quantificar e gerenciar emissões de GEE) – obtendo em 2022 o selo Ouro.
“Estamos realizando novo assessment do ISE B3 – Índice de Sustentabilidade da B3 – como os inputs necessários para a integração dos ativos das duas empresas e da nova governança corporativa da Auren, listada no segmento do Novo Mercado. Destacamos também a participação no ICO2 – Índice de Carbono Eficiente da B3. A Auren mantém o compromisso do Relatório Anual com base nos padrões GRI, bem como o Relatório da ANEEL e a temática ESG nos informes trimestrais de resultados financeiros da CVM”, diz Tresso.
Assim como na esfera Ambiental, a estratégia da empresa para Desenvolvimento Social está sendo construída e irá direcionar a jornada. Também foram revistos todos os procedimentos e diretrizes de investimento social privado da companhia. Houve um foco muito grande em definir a pauta de Direitos Humanos da Auren, a partir das experiências das duas empresas e em identificar melhorias.
A empresa deu continuidade a todos os projetos sociais de ambas as empresas que somam hoje 44 iniciativas, que acontecem em 27 municípios de cinco estados brasileiros, com um investimento total de R$ 7 milhões. Foi criado ainda um novo programa de voluntariado da companhia, chamado Lig.A.
No que diz respeito à pauta de inclusão e diversidade, Tresso conta que seguiram adotando nos seus programas de entrada – jovem aprendiz e estágio – o foco em inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que indiretamente traz outras minorias para dentro da companhia. “Oferecemos subsídios educacionais e incentivos específicos para estes novos profissionais, como uma trilha de desenvolvimento específica para potencializar sua performance e maximizar as chances de retenção e crescimento na Auren ou no mercado de trabalho, em caso de não efetivação. Oferecemos também a oportunidade dos Jovens Aprendizes serem “efetivados” como estagiários, subsidiamos sua graduação enquanto estiverem conosco, oferecemos auxílio moradia para estes profissionais que não residem na região onde um de nossos escritórios está estabelecido, além de termos iniciado, este ano, o primeiro programa de estágio técnico”.
Também tem um grupo de trabalho multidisciplinar, composto por colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos, que apoiam a Auren em iniciativas para a atração, desenvolvimento e retenção de talentos diversos, além de comunicações cadenciadas sobre o tema, trilhas de letramento e atividades que impactam e impulsionam nossa cadeira de valor – fornecedores e comunidades do entorno.
Para a governança corporativa, o trabalho com assessment do ISE B3, está trazendo inputs valiosos para todas as áreas da companhia, acionadas para as respostas do questionário, assim como os órgãos de governança – a Diretoria, Conselho de Administração e Comitê de Auditoria Estatutário – tendo mais contato sobre as melhores práticas e métricas de avaliação da maturidade da governança da organização.
A Auren aderiu neste ano ao Movimento Transparência 100% do Pacto Global ONU, que tem como objetivo a criação de iniciativas corporativas sustentáveis, para que as empresas se alinhem aos princípios universais da ONU. “É uma forma de encorajar e capacitar as organizações para irem além das obrigações legais, fortalecendo mecanismos de transparência e integridade, tornando-as mais resilientes e exemplos de sucesso no país. Até 2030, a Auren terá que atingir cinco grandes metas de transparência em diferentes dimensões: interações com a administração pública, remuneração da alta administração, treinamento da cadeia de valor de alto risco, estrutura de compliance e governança corporativa e canais de denúncia”, finaliza Tresso.