Os principais desafios de atuação em ESG, na visão do Grupo Fleury, estão relacionados à capilaridade das unidades e negócios, aumentando o desafio de comunicar amplamente o tema na organização e engajar os mais de 13 mil colaboradores com os programas criados.

Além disso, a empresa vem crescendo não somente organicamente, mas também inorganicamente por meio de fusões e aquisições, agregando ao seu portfólio marcas com diferentes níveis de maturidade nas temáticas ESG. Isso traz uma heterogeneidade de atuação que aumenta a complexidade de alinhamento e desdobramento das iniciativas a partir das marcas mais maduras nesses temas.

Para a empresa, é importante priorizar e selecionar adequadamente as iniciativas mais estratégicas, alinhadas aos objetivos, e implantá-las de modo mais eficaz e eficiente, otimizando os recursos disponíveis, o que nem sempre é fácil de fazer, dada à amplitude de temas que se encaixam nas temáticas ESG, e às diferentes expectativas dos stakeholders da organização.

No que tange a importância dos fatores sociais, ambientais e de governança, o Grupo Fleury acredita que as questões ESG estão ligadas a estratégias focadas em três dimensões:

– Riscos: muitos aspectos do trabalho em ESG se conectam com a mitigação de riscos de imagem, financeiros, legais, operacionais, ambientais etc. Isso é particularmente importante para uma empresa de saúde, que vem fortalecendo sua reputação há mais de 96 anos de atuação no país.

– Oportunidades: ESG gera oportunidades de crescimento de negócios, fortalecimento da imagem e reputação, preservação do bom clima organizacional, redução de despesas, atração e retenção de talentos, conexão dos colaboradores ao propósito da organização, dentre outros aspectos. A medida em que o sistema de gestão ESG evolui, cada vez amais as oportunidades surgem, seja por meio da avaliação de novos modelos de negócios, como as marcas de segmento acesso criadas para atender o público CDE, ou a especialização dos serviços nas unidades de atendimento para lidar com os diferentes recortes de Diversidade dos clientes, ou o desenvolvimento de linhas de inovação aberta focadas em metas ESG da Cia.

– Impacto: o objetivo é cada vez mais ampliar o impacto social das operações, especialmente por meio da ampliação do acesso à saúde por meio de seus serviços e negócios, além das ações de voluntariado e filantropia, e internamente com o fortalecimento do programa de Diversidade do Grupo. Ao mesmo tempo, o trabalho objetiva reduzir os impactos ambientais adversos das operações, por meio de sistemas de controles e monitoramento da gestão de resíduo, redução do uso de recursos naturais, redução das emissões e aprimoramento da agenda climática.

Trabalhando há mais de 20 anos com ESG, o Grupo Fleury desenvolveu as primeiras iniciativas estruturadas em 1997. No começo a principal preocupação era com a frente ambiental, focando esforços em gestão de resíduos, que segue sendo um tema de alta materialidade para a empresa.

Ao se fundir com outras empresas, dez anos depois, em 2007, a empresa criou uma área de Sustentabilidade como área corporativa, mais estruturada. Além disso, houve a incorporação da área de Responsabilidade Social, para gerar uma visão mais integrada de sustentabilidade. Os anos de 2007 e 2008 foram de reestruturação, redefinição de atuação, observação e análise do nível de maturidade das marcas adquiridas em relação ao tema e, em 2009, para desenvolver uma visão holística a respeito da sustentabilidade, se estruturou um projeto de quatro anos, chamado Projeto Estratégico de Sustentabilidade.

Nesse período, o Grupo Fleury, começou a ter um olhar também voltado a outras dimensões, como diversidade e inclusão, ética, relacionamento com fornecedores, mudanças climáticas, dentre outros aspectos. A criação da área de sustentabilidade veio justamente para capitanear as iniciativas e fazer o desdobramento para toda a organização. Depois disso, se iniciou a construção da matriz de materialidade, com avaliações mais estruturadas, e a incorporação dos indicadores ESG no BSC Corporativo.

Já a partir de 2014, com um caráter mais estratégico para a área de sustentabilidade da empresa, as matrizes de materialidade começaram a ser desenhadas com a participação ativa de stakeholders externos, e desdobradas na organização por meio de um conjunto de indicadores e metas considerando as informações priorizadas neste contexto. Com o passar do tempo, o desempenho do grupo em relação às práticas de ESG se tornou reconhecido no mercado.

O Grupo Fleury integrou pela terceira vez, em 2022, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) da Bolsa de Valores de Nova York, na carteira DJSI Emerging Markets, além de ser a única empresa do setor de saúde nas Américas a fazer parte do índice. O outro destaque é que ele contabiliza 10 anos consecutivos presente no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da B3, além da entrada, pelo terceiro ano consecutivo, no Sustainability Yearbook da S&P Global e no Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3.

Com relação aos compromissos, o Grupo Fleury é signatário do Pacto pela Integridade e Contra a Corrupção, do Movimento Transparência 100% da Rede Brasil do Pacto Global, da Rede Brasil do Pacto Global, do Movimento Mulher 360, dos Princípios de Empoderamento Feminino da ONU, do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e do Pacto de Promoção da Equidade racial, além de ter recebido o  selo Pró-Ética nos últimos anos e participar ativamente do CDP e GHG Protocol.

Em 2021, a área de ESG migrou da diretoria de Pessoas para a diretoria de Estratégia e Inovação para imprimir um olhar mais estratégico ao ESG. O comitê de ESG, formado em 2021, está ligado ao Conselho de Administração e o Coordenador do Comitê é o Presidente do Conselho de Administração. A migração demonstra o peso que o ESG adquiriu dentro da organização e o intuito de desenvolver um planejamento cada vez mais estratégico em conjunto com o plano de negócios da empresa.

Em vez de implementar mais ações segmentadas e de menor alcance, a empresa aplica agora um filtro estratégico para tudo aquilo que será desenhado. O plano estratégico ESG e as metas de longo prazo foram revisadas em 2021 com base no planejamento estratégico, revisado neste mesmo ano, trazendo uma maior sinergia nesse sentido. O salto na direção de elevar o ESG ao patamar estratégico de negócios se consolidou com a emissão de Títulos Vinculados a Desempenho ASG, ou Sustainability-linked Bonds, alinhados aos Sustainability Linked Bond Principles (SLBP) e atrelados a metas ESG, em maio de 2021, no valor de 1 bilhão de reais. 

O Grupo Fleury selecionou dois KPIs para compor a emissão: a gestão de resíduos biológicos e o acesso à saúde para a população menos favorecida, ambos com materialidade alta para o grupo. O grupo foi a primeira empresa no setor de saúde do país a fazer esse tipo de operação, com metas escolhidas para gerar impacto social. Além de desafiadoras, as metas influenciam diretamente a estratégia de negócios e crescimento do grupo e comunicam os valores, a cultura, a ambição estratégica e a seriedade da empresa em relação à sigla ESG.  Vale salientar que as metas ESG fazem parte do BSC Corporativo e, portanto, afetam a remuneração variável de todos os colaboradores. Além disso, os indicadores ESG são compartilhados com os projetos estratégicos desenvolvidos por outras áreas, afetando o bônus executivo.

Em setembro de 2019 foi lançada a Saúde iD, empresa de tecnologia baseada na ciência de dados e inteligência artificial, formando um ecossistema de saúde focado em pessoas sem planos de saúde. Por meio de uma plataforma on-line, clientes e prestadores podem interagir, integrando produtos e serviços de saúde.

Em parceria com o Grupo Sabin, em novembro de 2020, o Grupo Fleury anunciou a criação do Kortex Ventures, um fundo de investimentos em startups, que nasceu com 200 milhões de reais em recursos. Com o fundo, as empresas realizam investimentos em companhias que possam trazer inovações na área da saúde e sinergias com os negócios. Além disso, em 2022 foi lançada a marca Campana em São Paulo, focada no atendimento de pacientes de planos básicos, e no RJ a marca LAFE foi revitalizada com esse mesmo propósito. Esse movimento gerou uma transformação dentro da organização a partir do momento em que alinhou ESG ao modelo de negócio, para abranger um segmento mais amplo de atuação e ao mesmo tempo fortalecer o seu impacto social pela ampliação do acesso à saúde.