Os relatórios corporativos são ferramentas essenciais para acompanhar e avaliar o desempenho de uma empresa ao longo do tempo. Eles oferecem uma visão detalhada das atividades financeiras e operacionais da empresa, permitindo que investidores, acionistas, gestores e outras partes interessadas compreendam a evolução da empresa.
Na perspectiva de Bruno Campelo, gerente de contabilidade na Eneva, ao longo dos anos, a evolução dos relatórios corporativos, incluindo as demonstrações financeiras, tem sido marcada por um aumento significativo na transparência. “As empresas perceberam a importância de fornecer informações claras, precisas e pontuais aos seus stakeholders. Não é mais suficiente apresentar apenas números e projeções financeiras e de crescimento. Esses dados devem estar diretamente ligados ao compromisso da empresa de cumprir boas práticas de governança corporativa, considerando o impacto social e ambiental de suas atividades econômicas.”
A transparência é fundamental e a base dos relatórios contábeis, sendo um ponto que deve ser inegociável para todos os profissionais da área. Campelo observa que os relatórios contábeis ainda precisam evoluir em relação à linguagem utilizada, para que todos os leitores possam entender os impactos e reflexos inerentes ao tratamento de assuntos mais técnicos. Outra evolução que ele percebe já estar em curso é incorporar de forma mais abrangente a visão econômica dos negócios, incluindo informações relativas à gestão dos segmentos operacionais das empresas. “O leitor precisa, ao ler os relatórios, ter elementos para correlacionar a visão estratégica apresentada em outras peças corporativas divulgadas pela empresa com os reflexos apresentados nas demonstrações financeiras. Esse alinhamento é essencial para que os relatórios contábeis sejam um instrumento eficaz para a tomada de decisão dos stakeholders da companhia.”
Ele relata que na Eneva, por exemplo, sempre foram realizadas várias iniciativas nesse sentido, assumindo compromissos sociais em todos os empreendimentos e cumprindo o que foi acordado. A empresa passou a dar maior visibilidade a essas iniciativas desde a emissão do primeiro relatório de sustentabilidade em 2019. Desde então, compartilha anualmente com acionistas e o mercado em geral todas as ações nesse sentido.
Especificamente em relação às demonstrações financeiras, Campelo destaca a correlação direta entre o nível de governança e a credibilidade das informações fornecidas ao mercado e o valor da empresa. Nesse sentido, os diferentes níveis de governança interna da empresa estão totalmente comprometidos e alinhados na aplicação das melhores práticas. Eles buscam promover melhorias relevantes para a eficiência e a transparência de todo o processo de emissão das demonstrações financeiras.
Ao longo dos anos, a Eneva têm se empenhado na melhoria do formato, conteúdo e linguagem utilizada para transmitir informações técnicas e precisas para todos os públicos de maneira compreensível e precisa. A empresa também investe constantemente em tecnologia para automatizar e integrar cada vez mais a geração de informações, reduzindo intervenções manuais.
Para tornar os relatórios corporativos mais acessíveis, o gerente de contabilidade acredita que a automação dos processos financeiros e de gestão administrativa é crucial para garantir a integridade dos dados e a geração confiável de informações dos relatórios. No entanto, ele avalia que a tecnologia é apenas uma ferramenta e, sozinha, não atenderá às demandas de transparência e pontualidade das informações corporativas. “As empresas precisam focar na implementação de uma cultura de integridade total em todos os níveis corporativos.”
Quanto às tendências de análise relevantes para o próximo ano em relação aos relatórios corporativos, Campelo prevê que o avanço na agenda ESG trará novas demandas para empresas, investidores e reguladores. Ele complementa: cada vez mais, os critérios de avaliação de transações de financiamento e parcerias considerarão o compromisso das empresas com a pauta ESG em suas atividades. “Vejo como a grande tendência dos próximos anos o aumento na realização e divulgação de iniciativas nesse sentido. Além disso, é claro o reflexo dessa abordagem nos indicadores econômicos e financeiros (como taxas de juros, por exemplo).”