Premiação é uma ideia que mudou o mercado brasileiro e passou a balizar a transparência corporativa nas empresas, em meio à revolução digital e intensificação dos fatores ESG
Enquanto o Brasil saía da recessão, após dois anos seguidos de retração, em 2017, um outro tema, que já vinha crescendo, ganhava destaque: a revolução digital. Em pleno curso no mundo todo, a força do digital era um fenômeno que impactaria todos os setores: indústria, comércio, saúde, energia, educação e agricultura.
O sociólogo Daniel Bell, da Universidade de Harvard, chegou a dizer que a mudança era semelhante ao que havia se passado na Revolução Industrial.
A temática alcançou o topo do plano das empresas com a introdução de novas tecnologias disruptivas, como big data, inteligência artificial (IA), nuvem (cloud computing), machine learning, internet das coisas (IoT), blockchain e outras.
Em 2018, uma pesquisa da “Harvard Business Review” apontava que 80% dos líderes empresariais mundiais acreditavam que a revolução digital era uma grande oportunidade de mudar, mas ainda estavam estudando como criar estratégias para realizar essa jornada nos seus negócios.
O criador da Indústria 4.0, Henrik Von Scheel, disse em 2019, que essa “nova revolução industrial” redefiniria o cenário competitivo em uma escala nunca vista antes e que até 2025 as tecnologias relacionadas a inteligência artificial, sistemas autônomos, blockchain, inteligência autônoma, comunicação 6G e energia do futuro trariam mudanças profundas para as empresas e toda a sociedade.
Pandemia: digital torna-se essencial
Com a pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, o que já aconteceria, se tornou realidade ainda mais rápido. Com o isolamento, as pessoas afastadas e tudo sendo feito à distância, as tecnologias, que estavam impulsionando a 4ª Revolução Industrial, se tornaram as únicas opções para dar alguma continuidade aos negócios. De acordo com Satya Nadella, CEO da Microsoft, transformações que aconteceriam em anos, se deram em meses.
Todas as empresas foram afetadas e desafiadas, portanto, a se adaptar a um novo universo. À medida que buscavam formas para isso, a tecnologia da Indústria 4.0 se tornou parte integrante, não só para o período pandêmico, mas para sempre. A tecnologia era um caminho sem volta.
2017
A importância da transparência no mundo digital
Períodos de transformações são momentos propícios para se fazer um balanço e refletir sobre possíveis melhorias.
E isso precisou ser feito para a 21ª edição do Troféu Transparência, em 2017, 20 anos após a primeira edição do prêmio. Com a tecnologia impactando o mundo dos negócios, observou-se a transparência como um fator de diferenciação nas empresas privadas e públicas.
Não se tratava mais de uma discussão teórica, que acontecia em tese. Em um ambiente em que as companhias conquistavam mais notoriedade com as transformações digitais, crescia também, proporcionalmente, seu nível de exposição e comprometimento com a clareza das informações repassadas ao público estratégico. Estar na lista das ganhadoras, se tornava mais estratégico para os negócios.
Sendo a única premiação da categoria no Brasil desde 1997, as ganhadoras, em 2017, foram apresentadas ao mercado após análise de mais de duas mil demonstrações financeiras. Entre os critérios para chegar ao final: a qualidade e o grau das informações contidas nas demonstrações e notas explicativas; a transparência das informações prestadas; a qualidade e consistência do relatório de administração e a aderência aos princípios contábeis, no exercício do ano anterior à premiação.
Em 2017, houve uma nova mudança nas categorias e o setor de Energia foi eliminado, mas manteve-se a categoria Capital aberto por faturamento líquido até e acima de R$ 5 bilhões. As ganhadoras, respectivamente, desse ano foram:
AES Tietê, Algar Telecom, B3, CESP, Duratex, Engie, Fleury, Grendene, J. Macedo, JSL, Localiza, Mahle, Riachuelo, Rio Paranapanema e SLC Agrícola, com destaque para a Riachuelo, e B2W, Cemig, Energisa, Furnas, Klabin, M. Dias Branco, Petrobras, Sabesp, Vale e Vivo, com destaque para a Sabesp.
2018
Empresas transparentes se tornavam mais atrativas ao mercado
Esperado o ano inteiro pelas empresas que trabalham e buscam arduamente pela transparência em suas demonstrações financeiras, o ‘Oscar da Contabilidade’, como é conhecido o Troféu Transparência, se destacava em 2018 no cenário nacional por premiar aquelas que caminhavam ao lado de um Brasil que sempre quis dar certo.
A 22ª edição foi marcada pelas comemorações de “Bodas de Ouro” da ANEFAC que, ao longo dos seus 50 anos de história, vinha promovendo um intercâmbio de ideias, inovações e o compartilhamento das melhores práticas de mercado no Brasil.
A seleção foi dividida em duas categorias – primeiro, por companhias com receita líquida acima de R$ 5 bilhões. E com receita liquida abaixo de R$ 5 bilhões.
Cemig, EDP, Embraer, GPA, Klabin, M. Dias Branco, Petrobras, RD, Raízen e Sabesp. E na categoria com receita líquida até R$ 5 bilhões: AES Tietê, Algar, CESP, CTG Brasil, Duratex, Engie, ISA CTEEP, JSL, Localiza, Mahle, Marcopolo, Sanepar, SLC Agrícola e Unidas. EDP e Sanepar foram os destaques.
Durante a solenidade de entrega do prêmio, realizou-se uma homenagem aos ex-presidentes da ANEFAC pela dedicação e empenho na construção de uma entidade representativa, sólida e de valor agregado para os seus representados e sociedade. Na ocasião, nove dos 15 executivos que já estiveram à frente da Associação e ajudaram na construção da história de sucesso da entidade pelo comprometimento e dedicação, foram condecorados: José Ronoel Piccin (2004-2006); Pedro Lúcio Siqueira Farah (1990-1992); Roberto Vertamatti (1988-1990); Clóvis Ailton Madeira (1992-1994); Carlos Roberto Matavelli (2008-2009); João Carlos Castilho Garcia (2011-2012); Amador Alonso Rodrigues (2013-2014); Antonio Carlos Machado (2015-2016); e Edmir Lopes de Carvalho (2017-2018). Além disso, entregou-se uma placa alusiva aos alunos de mestrando e doutorando da FEA-USP que ajudaram na escolha e seleção das empresas premiadas.
Reforçada pela credibilidade de 50 anos de história da ANEFAC, a premiação se tornava mais relevante. O Troféu Transparência era, e ainda é, uma referência no mercado, o auge da excelência contábil de uma empresa. Ganhar o prêmio colocava a empresa em um patamar acima, já que ele é um excelente indicador de quais deviam ser consideradas como benchmarking na prestação de contas.
Ainda em 2018, a ANEFAC inovou com relação as divulgações do prêmio. Foram realizadas: a 1ª Revista ANEFAC Digital especial sobre a premiação. A entrega do certificado foi amplamente divulgada nas redes sociais e a cerimônia de premiação pela 1ª vez era transmitida on-line. Outro ponto foi a veiculação de entrevistas com as ganhadoras na Record News. E ainda, a entidade realizou o 1º Meeting day da transparência, que acontece até hoje.
“Iniciativas como essa, especialmente oriundas de entidades formadoras de opinião como a ANEFAC com 50 anos, são essenciais para que as boas práticas sejam devidamente reconhecidas. Empresas que contam com essa chancela servem de inspiração e referência para todo o mercado”, disse na época Raul Corrêa da Silva, presidente da BDO no Brasil.
“O troféu é uma iniciativa muito alinhada com os anseios da sociedade por um ambiente de negócios sempre mais justo e ético. O incentivo à informação de qualidade e transparência traz consigo a busca contínua das empresas pela formação e atração dos melhores profissionais assim como a criação de estruturas de governança que supervisionem continuamente seus processos de relatórios financeiros”, afirmou na época Rogério Garcia, sócio de auditoria da KPMG no Brasil.
“A transparência tem sido, cada vez mais, uma condição de credibilidade para as empresas no mercado, seja por expectativa dos investidores, dos clientes ou de outros atores. O reconhecimento das empresas-modelo formaliza e reforça essa tendência”, explicou na época Claudio Camargo, sócio líder da EY.
“O prêmio incentiva as empresas que queiram ser transparentes e almejem ganhar. A transparência gera confiabilidade. É importante que as empresas divulguem informações mais transparentes e que o mercado permeie essa cultura, assim como os órgãos reguladores, entidades e outros”, pontuou na época Marcelo Magalhães Fernandes, sócio líder de auditoria da Deloitte.
2019
Transparência, mais que uma obrigação
Chegando em 2019, como princípio ético, a transparência era mais do que obrigação. Era o desejo de toda a sociedade. Agir com transparência tornava-se condição inegociável para as empresas que queriam adotar boas práticas de governança. E, ao longo de 23 anos de história, o Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN se consolidou como importante instrumento de valor às ganhadoras.
Não existia outra maneira aceitável para as empresas atuarem, além de conduzirem os negócios com excelência ética. A relação benéfica entre transparência e melhora no desempenho só ficou mais evidente com o passar dos anos. A premiação, realizada pela ANEFAC, FIPECAFI e Serasa Experian, em 2019, refletia um avanço marcante da transparência no Brasil.
Em meio ao momento crucial de transformação dos negócios, em que cada passo, com suas nuances de mudança e incorporação da tecnologia contavam, a transparência era determinante para o rumo dos resultados. Com a evolução tecnológica, acreditava-se que pequenas e médias também divulgariam os seus resultados em seus próprios sites motivadas pelo desejo de crescimento.
Na 23ª edição, 14 companhias com receita líquida até R$ 5 bilhões: AES Tietê, B3, Cesp, Copasa, Empresas Randon, Energisa, Engie, Grendene, Hering, Isa Cteep, Mahle, Naturgy, Riachuelo e Sanepar e 10 com receita líquida acima de R$ 5 bilhões: Cemig, EDP, Localiza, M. Dias Branco, Natura, Petrobras, RD, Renner, Sabesp e Vivo, foram premiadas.
Em cada uma das duas categorias, uma foi escolhida como destaque do ano, respectivamente, Cesp e Petrobras. As ganhadoras tiveram suas conquistas divulgadas no Podcast BandNews ANEFAC.
2020
Pela 1ª vez premiação é realizada no formato 100% on-line
Ao chegar a 24ª edição, em 2020, o Troféu Transparência reacendia ainda mais o valor da transparência aos negócios. À medida que a sociedade e o mundo estavam evoluindo, as empresas corriam para se adaptar às novas realidades impostas pelos consumidores e cidadãos com os fatores ESG direcionando a rota dos negócios. Guiados por conceitos que iam além do corporativo, os próprios investidores buscavam empresas que estabelecem, principalmente, as boas práticas de governança corporativa, entre estas a transparência.
Em tempos de transformação digital, praticamente on-line, transparência transmitia confiança. Trazia credibilidade. O usuário de um modo geral, podendo ser o mercado, os acionistas, os financiadores, os colaboradores, a sociedade, entre outros, só confiava naquelas empresas que mostravam quais são os seus princípios e a sua essência. O risco era muito grande para uma empresa que tinha a sua reputação questionada.
A ANEFAC vinha levantado a bandeira da transparência há quase 25 anos com o Troféu Transparência, apesar de ela estar desde a sua criação no seu DNA, com certeza em 2020, era possível identificar que o nível de transparência nas empresas públicas e privadas não era o mesmo. Num ano marcado pela pandemia de Covid-19, pelo distanciamento social e prevalência da comunicação on-line, a entidade também repensou e reavaliou todas as suas ações para encontrar novos rumos e, pela primeira vez, o Troféu Transparência foi entregue às empresas ganhadoras em uma cerimônia 100% on-line, fazendo história.
A solenidade contou com a participação on-line de representantes das empresas ganhadoras, executivos do mercado e diretoria ANEFAC e premiou as demonstrações financeiras de 15 companhias com receita líquida até R$ 8 bilhões e 10 companhias com receita acima de R$ 8 bilhões:
AES Tietê, Algar, B2W, B3, Biosev, Empresas Randon, Fleury, Hering, Isa Cteep, M. Dias Branco, Mahle, Marcopolo, Riachuelo, Sanepar e SLC Agrícola, e 10 com receita líquida acima de R$ 8 bilhões: Cemig, EDP, Embraer, Engie, Petrobras, RD, Renner, Sabesp, Vale e Vivo. No primeiro grupo uma empresa foi escolhida destaque, a Hering, e no segundo, a Petrobras.
2021
25 anos: o mundo se transforma, a transparência se intensifica
Ao completar bodas de prata, 25 anos, o Troféu Transparência assume a liderança na rota pela evolução da transparência nas empresas brasileiras. A nova realidade do mundo empresarial envolve, cada vez mais, um ambiente de negócios ético, socialmente responsável e sustentável.
Em evidência, os fatores ESG (Environmental, Social and Governance) traziam em 2021 a transparência e a sustentabilidade como necessidades para que as empresas se fortalecessem.
Com as novas realidades impostas pela pandemia de Covid-19 e as rápidas adaptações realizadas para manter as empresas em funcionamento, verificou-se que a transparência se intensificava ainda mais nos negócios, principalmente na forma de elas se comunicarem com o mercado.
Era verdade que a transparência empresarial estava nos holofotes da sociedade já há algum tempo, mas sempre restrita a algumas empresas. Agora, em 2021, o cenário era completamente diferente e o peso da transparência deixou de ser apenas um atributo desejável para se tornar condição essencial para todos os modelos de negócio. O rol das exigências do mercado está muito além das palavras, mas na construção de uma história sólida baseada em transparência.
Atrelada à reputação, a falta dela se tornou uma ferramenta de seleção natural daquelas que existirão no futuro e uma das principais ameaças à credibilidade e, consequentemente, à sustentabilidade do negócio.
O prêmio aqui, com um legado de 25 anos, é um estímulo para todas as empresas continuarem se aperfeiçoando. A transparência representa um compromisso, uma prática, um processo contínuo, que deve estar sempre convergente com as mudanças do ambiente de negócios e da sociedade, pois sempre haverá oportunidades de melhoria e aprimoramento.
As profundas mudanças pelas quais as organizações passaram e têm passado principalmente com os fatores ESG, mais uma vez reforçavam a necessidade da adoção da transparência nos seus negócios. As necessidades informacionais das demonstrações financeiras, objeto da análise do Prêmio ANEFAC-FIPECAFI, se modificaram e variaram de acordo com os interesses e perfis dos usuários e legislações nos últimos 25 anos. É importante destacar que muito se deve a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) em mais de 180 países.
Isso quer dizer que a melhoria na transparência e na qualidade da informação ocorreu porque esse processo normativo internacional das IFRS, bem como o brasileiro, por meio do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) foi efetuado ouvindo os usuários.
Com isso, o Troféu Transparência chegava a sua 25ª edição em 2021, se tornando ainda mais necessário para destacar aquelas empresas que são transparentes em suas demonstrações financeiras. A transparência havia se tornado um pilar da boa governança, um dos fatores ESG.
As ganhadoras foram:
Cemig, EDP, Eletrobras, Embraer, Engie, Magazine Luiza, Neoenergia, Petrobras, Sabesp e Vivo. Enquanto na categoria com receita líquida até R$ 8 bilhões: Arezzo, Duratex, Empresas Randon, Eneva, Fleury, Grupo Vamos, Irani, MAHLE, M. Dias Branco, Profarma, Riachuelo, Rio Paranapanema, Sanepar, Tekno Kroma e TOTVS.
ANEFAC cria Agenda da Transparência
Ao longo de 25 anos, a ANEFAC, por meio do Prêmio ANEFAC – FIPECAFI, tem trabalhado para conscientizar os executivos das empresas de que a transparência cria e preserva valor, não só para a organização, mas para todos os stakeholders.
Fiel e firme em seu propósito de contribuir para a construção de uma sociedade melhor por meio da disseminação da transparência, a ANEFAC, no ano em que a premiação completou 25 anos de existência, 2021, trouxe a Agenda da Transparência para os executivos, que acontece até os dias de hoje.
Esta agenda contou com uma série de ações, como o Circuito da Transparência, que levou às empresas conteúdo e formas para desenvolverem a sua transparência; o Portal da Transparência, um polo de fomento às melhores práticas empresariais, além de uma série de outras atividades que estão em sintonia a esse propósito como o 4º Meeting Day e o 2º Tax Day.